Campo Belo está entre os líderes em roubos a banco

Quase metade dos assaltos a bancos registrados entre janeiro e novembro de 2011 em São Paulo aconteceu na zona sul. A capital teve 139 ocorrências do tipo no período, um aumento de 6,11% em relação ao ano anterior, quando aconteceram 131 ataques a agências. As estatísticas anteriores da Secretaria da Segurança Pública mostravam uma tendência de queda nesse tipo de crime desde 2006, ano em que ocorreram 301 assaltos do tipo.

Dos 139 casos até novembro de 2011, 61 (43,8%) aconteceram na zona sul. O bairro de Vila Clementino, bairro Itaim Bibi, bairro Santo Amaro, bairro Brooklin, bairro Campo Belo e bairro Ipiranga estão entre os dez que mais sofreram com a ação de quadrilhas. Casos de “saidinha de banco” – quando o cliente é assaltado fora da agência depois de fazer um saque – e arrombamentos de caixas eletrônicos não entram na estatística.

Para Daniel Reis, especialista na área de segurança privada e secretário do Sindicato dos Bancários de São Paulo, os ladrões atuam mais na zona sul porque a região tem muitos bairros nobres. “Na periferia, os ladrões optaram apenas por arrombar caixas eletrônicos. As quadrilhas preferem assaltar agências em regiões mais valorizadas, onde acreditam que a circulação de dinheiro é maior”, diz.

Para o delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Marcos Carneiro de Lima, a ação das quadrilhas acontece nas regiões onde elas têm mais conhecimento geográfico. “Eles definem o assalto em lugares onde acreditam que o risco será menor”, afirma Carneiro. Segundo ele, o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), que tem uma delegacia especializada no combate a roubo a bancos, vai atuar para evitar o aumento desse tipo de crime na região sul.





O cientista político Guaracy Mingardi, especialista em segurança pública, também acredita que as quadrilhas escolhem as agências de acordo com a estratégia de ataque. “O mais importante é a facilidade da fuga. E no caso dos ataques a caixas eletrônicos, isso é importante, quanto mais ermo o local, melhor para explodir ou cometer um assalto”, afirma. Para ele, não adianta os bancos apenas contratarem mais seguranças. “Não é com prevenção que você evita esse tipo de ação. O que funciona contra o criminoso profissional é a repressão. O que evita é a investigação, o cara saber que vai ser preso depois.”

Para o especialista em segurança e pesquisador criminal Jorge Lordello, o criminoso hoje tem dificuldade em obter dinheiro vivo, e o ataque a bancos resolve essa questão.

“Cada vez mais o comércio lida com dinheiro de plástico, cartões ou transferência bancária. O bandido precisa de dinheiro para montar uma estrutura criminosa. E o lugar onde tem dinheiro é banco e caixa eletrônico.” Lordello acredita que os bancos precisam realizar estudos para fortalecer a segurança das agências e adotar modelos que funcionam em outros países. “Num futuro próximo, devemos caminhar para o mesmo sistema que existe na Europa, onde o cliente não tem contato físico com o funcionário do banco. Ele fica protegido por uma parede de vidro blindado”, conta.

Saque seguro. O capitão Cleodato Moisés do Nascimento, porta-voz do Comando de Policiamento da Capital (CPC), diz que a PM pode retomar em 2012 a Operação Saque Seguro. “No ano passado, foram mapeadas as 200 agências mais críticas. Podemos rever esses endereços”, diz o capitão. A cidade tem 2.449 agências bancárias.

A Operação Saque Seguro foi realizada entre maio e outubro de 2011 para combater os crimes de “saidinhas”, sequestro de gerentes e roubos de agências. Os PMs faziam rondas nos bancos entre 10h e 16h. Eles entravam nas agências e entregavam panfletos com dicas de segurança.

Fonte: O Estado de S. Paulo





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