Campo Belo quer praça útil no local de acidente de 2007 da TAM

Moradores do bairro Campo Belo, na Zona Sul de São Paulo, estão preocupados com o que será feito do terreno onde caiu o avião da TAM em 17 de julho de 2007, matando 199 pessoas. Foi o maior acidente aéreo da história brasileira. Os residentes no bairro temem que a Prefeitura construa no local uma praça que não contemple atividades, proporcionando um local de abrigo fácil para moradores de rua e tráfico de drogas.

O terreno de 8,3 mil metros quadrados fica no quadrilátero formado pela Avenida Washington Luís e as ruas Baronesa de Bela Vista, Barão de Suruí e Otávio Tarquínio de Sousa.

No início do mês, o escritório de arquitetura Moara Projetos e Gerenciamentos venceu a licitação para fazer o projeto por R$ 86 mil. No último dia 21, durante um encontro, familiares das vítimas tomaram conhecimento de um projeto inicial. Decidiu-se fazer uma praça memorial. O projeto final ainda não foi concluído e adaptações estão sendo feitas.

Pontos de luz/ No projeto inicial, não estão contemplados brinquedos usualmente construídos em playgrounds (veja quadro na página ao lado). O que se prevê é uma grande esplanada, mais propícia à contemplação. No piso devem ser embutidos 199 pontos de luz representando as vítimas da tragédia.

“Não queremos que o lugar vire um abrigo para mendigos e usuários de drogas, como costuma acontecer em outras praças abandonadas pela cidade. Atualmente, não existe nenhuma praça no bairro e precisamos de um lugar que possamos levar nossos filhos e fazer outras atividades”, afirmou o autônomo Max Okamoto, de 34 anos, acompanhado da mulher, Patrícia Silva.

A aposentada Otília Santos, de 68 anos, almeja que o terreno se transforme em um lugar adequado para entreter sua cachorra. “Existem muitos cães no bairro e nenhuma praça. Seria interessante construir um espaço com atividades para os animais e seus donos”, explicou a aposentada.





Ontem, representantes da associação dos parentes das vitimas (Afavitam) se reuniram com o secretário-adjunto de Governo, Giovanni Palermo, para tratar sobre o tema. “Pelo que vimos, a praça terá o memorial e outros equipamentos aos usuários. O projeto final deve ser apresentado em três semanas”, afirmou o vice-presidente da entidade, Archelau Xavier. A Secretaria Municipal de Governo não se pronunciou sobre o assunto até o fechamento desta edição.

Amoreira que resistiu ao impacto terá lugar de destaque no terreno
A única coisa que restou do terreno onde ficavam um posto de gasolina e um departamento da TAM Cargo foi uma amoreira. Ela resistiu aos destroços e à bola de fogo que se transformou o Airbus da companhia aérea, que fazia o voo 3054. A aeronave vinha de Porto Alegre (RS).

É no pé da árvore que foi colocada, no aniversário de primeiro ano do acidente, uma placa em homenagem aos mortos (veja foto ao lado). Um trecho da inscrição afirma que a obra no local “deverá homenagear aqueles que hoje brilham no céu como estrelas e servir para lembrar que a Vida é mais importante que tudo”.

“Essa amoreira deve ter um destaque importante no projeto final da praça. Ela representa que pode haver vida em um local que foi palco de uma tragédia”, afirmou o vice-presidente da Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo TAM JJ 3054 (Afavitam), Archelau Xavier. Ele perdeu uma filha no voo. A jovem viajava a passeio e estava acompanhada do namorado.

Outro símbolo que deve estar no planejamento final do terreno é o de um anjo que serviu para ilustrar a luta da Afavitam. “Também queremos a marcação do local exato do acidente”, contou o vice-presidente da associação.

Fonte: Diário de S. Paulo





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